O Espírito Santo faz maravilhas
O Espírito Santo faz maravilhas
Corre, pela MÍDIA SOCIAL, este relato: uma pessoa idosa e com recursos econômicos contraiu a Covid-19; os médicos, temendo por sua vida, aconselharam a colocar-lhe um respirador; e ele começou a chorar.
A enfermeira que o cuidava lhe perguntou: “O senhor está chorando porque não tem dinheiro para pagar o respirador?” “Não – respondeu o ancião – choro porque estive respirando gratuitamente toda a minha vida e só agora me dou conta do valor desse grande presente”.
As circunstâncias desse enfermo e a dos apóstolos fechados são semelhantes, pois eles se encontram confinados, um com a Covid e os outros estão fechados no Cenáculo. Em ambos os casos está presente o medo da morte: um, por um vírus maligno e outros, pelas autoridades romanas, que querem acabar com o movimento de vida iniciado por Jesus. Também coincide o método curativo: para o ancião infectado, um respirador que lhe injeta oxigênio nos pulmões; para os discípulos de Jesus, a chegada do sopro divino fortalece seu espírito.
O relato nos ajuda a tomar consciência da presença do Espírito em nossas vidas, pois Ele, como o oxigênio, sempre esteve ao nosso lado, mas nos acomodamos no habitual e esquecemos desse “ar vital” que nos mantém sempre criativos, inspirados e sonhadores. O Espírito é nosso “respirador” existencial. Por isso, é preciso, de tempos em tempos, uma sacudida, interna e externa, para que nos recordemos dessa presença, muitas vezes silenciosa como uma brisa, outras vezes como um vento impetuoso que levanta e dispersa o pó que estava sedimentado em nossas vidas, um fogo que aviva as brasas que estavam apagadas em nosso interior e uma força que afasta nossos medos.
Foi o Espírito que impulsionou a missão de Jesus e que agora se encontra também na raiz da grande missão da comunidade de seus seguidores e seguidoras. A imagem do Ressuscitado “soprando” sobre os discípulos contém uma riqueza instigante: significa partilhar o que é mais “vital” de uma pessoa, sua própria “respiração”, seu mesmo espírito, todo seu dinamismo.
O Santo Espírito é o sopro que vivifica, anima, restaura e congrega. Pela linguagem do amor, Ele acende a luz da paixão e permite desenvolver os dons da alegria, do entusiasmo, da compaixão, do cuidado, da esperança e da fé inabalável. Tais atitudes construtivas não são obra nossa, mas é dom e fruto do Espírito, que se revela como algo agradável, fascinante, belo, alegre, espontâneo, saboroso como um fruto.
Nosso tempo pede que sejamos homens e mulheres do Vento, que ajudam o mundo a respirar e sentir a vida palpitar; que buscam, na terra, viver o sonho do Reino; que alimentam as chamas da esperança nos corações sonhadores; que se reconhecem humildes ante a misericórdia e o infinito amor de Deus, como nos dizia São Vicente Pallotti.
Abra seus pulmões e deixe o “oxigênio” da Vida chegar até as dimensões mais profundas de sua vida, talvez ainda não bem integradas; deixe que o Vento levante a poeira da acomodação, do medo, da insegurança para o despertar de um novo impulso vital, criativo e aberto.
O autor, Padre Lino Baggio, é colaborador desta revista e padre palotino em Coronel Vivida (PR)
Texto publicado na edição de junho de 2022