Artigos › 11/04/2022

Etiqueta Digital – Uma nova realidade na comunicação interpessoal

Etiqueta Digital

Uma nova realidade na comunicação interpessoal

 

 

Os adventos tecnológicos mudaram a forma como nos comunicamos e surgem dilemas quando interagimos no mundo virtual.

 

Já mandou uma mensagem de WhatsApp e não recebeu resposta? Postou algo do seu gosto pessoal e foi criticado em público? O que é de fórum privado e público hoje em dia? Estas e muitas outras questões permeiam as relações interpessoais na atualidade. Se antes escrevíamos cartas, enviávamos um telegrama para mandar uma mensagem rápida, hoje temos um arsenal de dispositivos tecnológicos que permitem uma comunicação instantânea. A comunicação que majoritariamente era direta e presencial, hoje divide espaço com smartphones, notebooks, tablets, aplicativos e, em breve, óculos, luvas e fones para realidade aumentada, o que estão chamando de metaverso.

Já pararam para se questionar, principalmente se você tem “DNA” (data de nascimento antiga) avançado, o quanto as relações humanas mudaram nos últimos trinta anos? Quando eu era criança, a gente via televisão, escrevia cartas, mandava bilhetes, ouvia rádio, ia ao cinema, colocava discos na vitrola, lia jornais e revistas. Somos uma geração que está assistindo essas mudanças de camarote, muitas vezes sem refletir o impacto delas, para o bem e para o mal.

Seria impossível nesta coluna, analisar cada dispositivo e seu impacto, então vou discorrer sobre aqueles que a maioria das pessoas que me rodeia utiliza, o meu lugar de fala e espaço. E para abrir a reflexão vou tratar de um aplicativo que raramente vejo uma pessoa não usando: o WhatsApp!

 

WhatsApp

Inicialmente oferecia ligações telefônicas através da internet e a possibilidade de troca de mensagens instantâneas com confirmação de leitura. Rapidamente, através da popularização dos smartphones, passamos a trocar mensagens copiosamente, seduzidos pela possibilidade de saber se o interlocutor leu ou não o que escrevíamos, a ponto de deixarmos de ligar para informar algo importante. Essa capacidade de ser instantâneo e comunicativo mudou a forma de interação, passamos a buscar conexão com um número maior de pessoas ao mesmo tempo. Estar próximo fisicamente passou a ser secundário, então corriqueiramente esquecemos (ou até não sabemos) de algo que é fundamental: a comunicação é 70% não verbal. E o que isso significa: além do conteúdo verbal, o texto em si, temos uma série de outros elementos comunicantes.

O tom de voz, a expressão facial, são subsídios para que interpretamos uma mensagem. O WhatsApp está empenhado em reproduzir isso em chamadas de vídeo e áudios. O grande ponto que me incomoda neste festival tecnológico é o fato de que estamos perdendo um pouco as noções de educação básica e consideração, uma vez que ao interagir, não estamos frente a frente com o interlocutor. Se a mensagem ou questionamento não interessa, não é raro a pessoa não responder. Ela se sente empoderada de deixar o outro no vácuo e isso, a longo prazo, causa um desgaste nas relações. Em meio a aceleração da rotina e da sensação de poder, não devemos perder a empatia, a educação. Entendo que estamos num movimento de adaptação, mas manter um mínimo de civilidade é essencial para uma boa convivência, uma convivência de paz e de cooperação mútua.

Temos que ser vigilantes e assertivos para evitar desentendimentos. Será que ao acelerar uma mensagem de áudio não estamos dificultando nossa interpretação? Penso que seja fundamental essa reflexão. Até que ponto tais ferramentas ajudam ou atrapalham esse processo de interação.

 

Perfis anônimos

A etiqueta digital, expressão que ainda soa como nova, aparece quando pensamos no outro e consideramos diversas perspectivas sobre um mesmo assunto, ou seja, diferentes compreensões do mundo. A partir dessa prática podemos nos expressar e passamos a defender as nossas opiniões com civilidade, respeito e argumentação, não com radicalismo, intransigência ou fanatismo. Muitas pessoas, equivocadamente, criam perfis anônimos ou fakes para se expressar, muitas vezes de forma agressiva, suas inadequações, numa pretensa intenção de não sofrerem represália ou responder por suas consequências. Mas o bom Deus tudo sabe e tudo vê, e inevitavelmente, de um jeito ou de outro, colhemos o que plantamos.

Acredito que ser alguém, que compartilha, produz, curte ou comenta conteúdos com autenticidade e boa educação, é um exercício intenso de etiqueta, que se distancia de uma postura inadequada e tóxica, a qual não considera pontos de convergência entre as pessoas. Devemos sim, ser agentes da boa comunicação, que o próprio termo já evoca a ideia de “tornar comum”, de consenso e concordância. Ela deve prevenir e dirimir controvérsias e conflitos. Podemos e carecemos de viver a palavra de Deus também nessa perspectiva, pois o ser humano, como espécie que vive em sociedade, não existe isolado, necessitamos uns dos outros e disso não podemos esquecer jamais.

 

 

O autor, Henrique Alonso, é colaborador desta revista, fotógrafo, relações públicas e atua com comunicação organizacional

Texto publicado na edição de abril de 2022

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