O preço a ser pago pela falta de empatia
Seria o egocentrismo o grande mal da humanidade?
Tenho ouvido com frequência sobre assaltos, impunidade, perda da dignidade civil, que estamos vivendo praticamente uma guerra civil declarada. E como é da natureza humana, sempre buscamos eleger um culpado, alguém ou algo que sirva de bode expiatório para o que nos foge ao controle, seja o Presidente da República, o Governador do Estado, os políticos em geral, o Supremo Tribunal Federal etc…
Longe de mim livrá-los de suas responsabilidades, mas a reflexão desta edição é a seguinte: por que nos surpreendemos com o caos que nossa cidade, Estado e País está? Não nos é óbvio que esta crise econômica, criminalidade, caos ambiental seja reflexo da somatória de jeitinhos que damos? Seja por não escolhermos nossos representantes (voto branco ou nulo), por aceitarmos a Brasília das maracutaias e negociatas, por pagarmos e sonegarmos impostos altíssimos sem obter o retorno social a que se destinam?
Por estarmos nem aí para o lixo que jogamos na rua? Enfim, poderia listar uma série de pequenos problemas que ousamos ignorar, principalmente por aceitarmos essa diferença social que é a principal causadora de tanta violência urbana.
E o que motiva todo esse comportamento? Com certeza é a falta de empatia. Segundo a Psicologia, ela é a habilidade de se imaginar no lugar de outra pessoa, ou ainda a compreensão dos sentimentos, desejos, necessidades, ideias e ações de outro indivíduo. E nesse mundo competitivo que vivemos essa, vou chamar de competência, está em falta na sociedade.
Ser empático vai além de perceber as necessidades do outro, significa agir e tomar decisões incluindo essa percepção. O advento das redes sociais parece que ampliou essa falta de empatia. Nestes espaços, uma pessoa pode se sentir capaz de tudo, de julgar tudo, de ofender os outros, enfim, uma série de inadequações. Verdadeiros sintomas da falta de amor, de Deus.
Mas após refletir tanto, chego à conclusão de que a somatória de atitudes de como deixar alguém furar uma fila, roubar no troco, desperdiçar comida, entre tantos outros, causa a situação caótica que vivemos.
E não há solução milagrosa; o que pode ser feito é uma reeducação interna, uma vigilância aplicada pela nossa consciência, de não aceitarmos o que é aético, de renunciarmos a essa acomodação que é fecharmos os olhos quando um irmão em Cristo cai em tentação, porque este preço é caro e tem consequências destrutivas.
Ser permissivo é um sintoma de falta de empatia; o não querer fazer o que é certo é passar recibo para a injustiça e nos perguntamos tanto por que o mundo está deste jeito. Comecemos a mudá-lo a partir de nós mesmos.
Ajamos com inteligência, sejamos vigilantes de nós mesmos e acreditemos que é possível mudar, tornar nossa cidade, nosso Estado, nosso país e, por que não, nosso mundo num lugar melhor. Para isso não podemos permitir que nosso pensamento espere que venha um governo messiânico, mas que obsessivamente mudemos de atitudes, combatamos a corrupção das pequenas coisas, que possamos ser bons trabalhadores, bons colegas e que não venhamos a cair no individualismo que cega.
E sim, se cada um fizer a sua parte e cumprir suas responsabilidades vamos reverter essa crise e principalmente essa cultura de malandragem. Não é fácil, mas é menos caro do que ser assaltado, roubado ou morto, seja por falta de hospital, seja pela violência ou overdose. Este mundo é nosso, não apenas dos governantes. Que possamos nos permitir transformá-lo no amor que Deus nos oferece.
O autor, Henrique Alonso, é fotógrafo, relações-públicas e atua com comunicação organizacional.
Texto publicado na edição de abril de 2021.