Sem categoria, VATICANO › 18/05/2020

Centenário de nascimento de Karol Wojtyla – O ex-secretário de João Paulo II: ele nos ensinou a confiar em Deus

Fabio Colagrande, Silvonei José – Cidade do Vaticano

Dom Mieczysław Mokrzycki, arcebispo de Lviv na Ucrânia, durante nove anos segundo secretário pessoal de São João Paulo II, recorda a grande humanidade e capacidade de escutar do Papa polonês cujo centenário de nascimento recordamos neste 18 de maio.

“No final de cada dia, João Paulo II, tendo terminado suas orações, aproximava-se da janela do seu quarto e dava a bênção. Eu sempre pensei: ele está abençoando Roma, a Igreja ou talvez o mundo inteiro”. É uma das recordações pessoais do pontificado de Karol Wojtyla que traz consigo dom Mieczysław Mokrzycki, agora Arcebispo de Lviv na Ucrânia, mas segundo secretário pessoal de São João Paulo II de 1996 a 2005. O prelado, que todos no Vaticano recordam como padre Mietek, sempre falou do Papa polonês como um homem que tinha grande confiança em Deus e por isso gostava de confiar a Ele na oração a Igreja e toda a humanidade. Por ocasião do centenário do nascimento do Papa Wojtyla, o arcebispo Mokrzycki recorda-o assim aos microfones da Rádio Vaticano Itália:

 

R. – João Paulo II nos ensinou, acima de tudo, a confiar no Senhor. Imediatamente, no início do seu pontificado, convidou-nos a abrir as portas a Cristo, para que com a Sua ajuda pudessemos criar um mundo de paz, gerar o bem e fazer progredir toda a humanidade. Ele mesmo, no decorrer de sua vida, deu uma grande prova de humanidade. Ele sempre foi muito humano, generoso, disponível. Embora fosse o chefe de toda a Igreja e do Estado da Cidade do Vaticano, ele sempre foi muito aberto, natural em suas atitudes. Ele sempre tinha tempo para os outros, ele sabia como ouvir os outros. Ele nunca deu a impressão aos outros de que tinha coisas mais importantes para fazer. Acima de tudo ele nos ensinou que com a oração devemos e podemos resolver todos os problemas da vida e do mundo.

O Papa Francisco recordou recentemente “a grande paixão pelo humano” do Papa Wojtyla, “sua abertura, sua busca de diálogo com todos”. Na sua opinião, de onde nasceram essas suas atitudes?

R.- João Paulo II na sua vida foi provado por muitos acontecimentos. Ele viveu grandes alegrias, mas também momentos de profunda tristeza e dor. Ele nasceu pouco depois do fim da Primeira Guerra Mundial,  também atravessou e viveu a Segunda Guerra Mundial. Depois, ele passou muitos anos sob o regime comunista. Tudo isso lhe havia ensinado como é importante neste mundo alcançar a paz, desfrutar dos direitos humanos e das liberdades, e ele lutou muito por esses valores, e rezou. Por isso ele dialogou com os Chefes de Estado, com os líderes das religiões mundiais, viajou por todo o mundo pregando a fraternidade.

Existem outros aspectos do Magistério do Papa Francisco que na sua opinião são uma herança do Pontificado do Papa polonês?

R.- O Santo Padre Francisco, como sacerdote, como bispo, como cardeal, durante muitos anos pôde seguir a vida de João Paulo II e me parece que hoje também ele está seguindo seus passos. Pensemos nas muitas viagens internacionais de Francisco, nos seus encontros com os jovens, no cuidado e atenção que ele demonstra para com os doentes, os pobres, os prisioneiros. Todas estas são atitudes que também eram típicas de João Paulo II. Estamos muito felizes que Francisco leve avante a sua missão de Pastor da Igreja universal como fazia o seu predecessor.

O senhor também teve o privilégio de testemunhar os últimos dias da vida de São João Paulo II, os mais dolorosos. Que testemunho nos deixou na sua maneira de viver a doença?

R.- João Paulo II mostrou grande força. Apesar de no último período ele tivesse dificuldade para falar, se movimentar e sofresse muito, ele nos mostrou que nunca devemos desanimar. Ele nos ensinou que cada momento, cada estado da nossa vida é importante e que podemos sempre fazer muitas coisas e que somos úteis, necessários para este mundo. Por isso, até o último momento, ele continuou a desempenhar seu papel, a rezar pela humanidade. Quando ele nos deixou, pude ver como morre uma pessoa que tem uma grande fé, uma grande confiança e um contato especial com Deus. Porque quando voltou à Casa do Pai, ele o fez serenamente, quase adormecendo, mostrando a todos nós que o guardávamos e o servíamos até o fim, uma grande paz e tranquilidade em nossos corações.

O lema mais famoso de João Paulo II é “não tenha medo”. O que diz hoje seu Magistério à humanidade tão assustada com a pandemia do coronavírus?

R.- Também o Papa Wojtyla, durante seu pontificado, passou por vários momentos difíceis: desastres, guerras, atentados e doenças. Mas ele nunca desanimou e naqueles momentos nos ensinava que devemos nos dirigir para Deus, para Jesus Cristo que é o único que pode deter as tempestades e nos curar. Mas ele também nos mostrou que devemos nos dirigir à Mãe de Deus, que pode interceder por nós, nos ajudar. Após a tempestade, na verdade, sempre vem o sol. Mas devemos aprender a atravessar a tempestade para alcançar a verdadeira paz e a verdadeira alegria em nossa vida.

Texto retirado do site: vaticannews.va/pt

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