Artigos › 04/12/2017

NATAL – Momento de celebrar o nascimento de Jesus Cristo e a vida em família

Neste mês tão sagrado à fé católica, fazemos referência à família em duas celebrações: no Natal (25 de dezembro) e na festa da Sagrada Família (31 de dezembro). Refletiremos os textos bíblicos deste momento especial para a família cristã e contaremos com depoimentos de pessoas que passaram por transformações em suas vidas neste ano de 2017 e vão desfrutar de um Natal com um gostinho especial.

Natal é época em que se volta o olhar para a Sagrada Família. Antes, José, Maria e o menino Jesus; hoje, uma multidão de pessoas de diferentes perfis compõem o núcleo familiar. Mas muito além destas diferenças, o importante é que o ambiente familiar seja sereno e feliz. O mais relevante é sentir que ali há consolo quando chegam as tempestades da vida, e aceitação quando outros viram o rosto.

As famílias não são perfeitas, bem se sabe disso, mas são os braços que estarão sempre prontos a abraçar quando for necessário. São um pouco do que cada um é. Pelos mesmos corpos percorre o mesmo sangue, e muitos carregam as mesmas manias. Cada qual com uma configuração, mas todos dando o seu melhor, ainda que seja insuficiente.

Na festa da Sagrada Família, a Palavra de Deus nos conduz ao núcleo familiar. A partir da contemplação da família de Jesus, somos convidados a uma séria reflexão sobre o atual momento da família cristã. Para um diálogo mais proveitoso com os textos bíblicos propostos nesta época do ano, convém acolher as questões que eles espontaneamente vão suscitando no tocante às relações recíprocas no ambiente familiar. Como estamos vivendo, por exemplo, na prática, o sagrado imperativo de honrar pai e mãe, e qual é o espaço reservado a Deus dentro de nossas casas? Com o olhar fixo nos textos bíblicos e atentos às armadilhas ideológicas que tentam desconstruir a família cristã em nossos dias, tentaremos responder tais questionamentos.

No livro do Eclesiástico (3, 3-7, 14-17), o autor apresenta a importância de valorizar a família. Assumindo o papel de pai, o mestre dirige importantes conselhos aos seus ouvintes. Dirige-se especialmente aos filhos, mostrando a importância de se colocar em prática o mandamento de “honrar pai e mãe” (Ex 20,12). É interessante notar a obsessiva insistência com a qual o texto sublinha a honra devida aos pais. Por cinco vezes, em poucos versículos, repete o verbo kabad (honrar) que, literalmente, significa “dar peso, glória, valor”. Tudo isso inclui também “amparar, sustentar, manter”, especialmente quando as forças já se foram

(Mc 7,11). Tal insistência sobre esse preceito da Torah assume a função de fazer recordar que a missão do pai e da mãe é estritamente ligada à obra criadora de Deus. Assim, honrar os pais significa reconhecer e glorificar o próprio Deus criador. Disso se deduz, também, o imprescindível papel dos pais na educação dos filhos, algo que jamais pode ser delegado a terceiros.

Por trás desta exortação dirigida aos hebreus do início do século II a.C., é bem provável que se esconda a preocupação de preservar, ou mesmo de resgatar, valores e bons costumes da família hebraica, certamente afetados pelo processo de assimilação da cultura helênica que há décadas o povo da Terra Santa vinha experimentando. O autor, sob esse aspecto, ensina também a nós, hoje, que vivemos inteiramente inseridos num amplo e aparentemente irreversível processo de globalização. Como na Palestina do século II, também nos dias atuais somos chamados a reconhecer, a valorizar e a respeitar os valores de outras culturas e civilizações, porém sem cair na insensatez de menosprezar os valores fundamentais da civilização, da cultura e da religião que, durante séculos, forjaram a nossa identidade e nos ensinaram a amar a liberdade e a vida.

Neste nosso mundo globalizado, o núcleo familiar continua sendo o lugar decisivo onde se aprende a arte de bem viver, onde se ensina com o testemunho, e não está, ainda, tão contagiado por ideologias que, às vezes disfarçadas de direitos fundamentais, tentam minar a sacralidade da família. A resposta cristã a tudo o que ameaça destruir a família em nossos dias não pode ser outra que colocar em prática o conselho apresentado no texto: honra teu pai e tua mãe e terás vida longa.

No texto de Paulo escrito para a comunidade dos Colossenses (3, 12-21), o leitor é conduzido ao núcleo familiar, destacando alguns aspectos decisivos que tocam as relações entre esposa e marido, pais e filhos. Desarmados dos preconceitos que este texto costuma suscitar, dado o seu modelo patriarcal, será útil entrar na ótica paulina que interpreta os relacionamentos recíprocos, próprios do núcleo familiar, tendo como parâmetro a pessoa de Jesus Cristo: “Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor”. A solicitude recomendada às esposas, o amor e a docilidade recomendada aos maridos, e a obediência recomendada aos filhos, assumem o seu pleno significado “no Senhor” que, em tudo, foi obediente e submisso ao Pai. Somos, assim, incentivados a colocar os valores do Evangelho acima dos nossos interesses pessoais que, às vezes, podem nos tornar indiferentes, inclusive no confronto dos membros da própria família.

 

DIFICULDADES DE ONTEM E DE HOJE

Em Lucas (2,22-40), encontramos a chave que dá sentido a tudo o que refletimos a partir das leituras, porque a narração da cotidianidade da Sagrada Família constitui um vistoso paradigma para tantas famílias que, em nossos dias, lutam bravamente para suportar o peso das dificuldades que o atual momento lhes impõe.

O primeiro elemento que chama a atenção no relato da apresentação de Jesus no templo é a insistência do narrador sobre o fato de que, na casa da família de Jesus, vivia-se conforme a Palavra de Deus. Por três vezes se ressalta que o que se está cumprindo nesse episódio é “Segundo a Lei de Moisés”.

São conhecidas as dificuldades que a mãe de Jesus e seu esposo José enfrentaram, desde os primeiros respiros do menino Jesus. Como muitas famílias de hoje, tinham imensos motivos para desanimar. Mas, porque era uma família que escutava a Palavra de Deus e a colocava em prática, pôde manter-se firme na missão que Deus lhe confiou. Era, ademais, uma família que estava incluída entre os pobres, como indica o registro sobre a oferta dos “dois pombinhos” em vista da purificação da parturiente. No entanto, ou talvez justamente por isso, Lucas “faz-nos entender que precisamente entre os pobres de Israel podia amadurecer o cumprimento da promessa” (Bento XVI). É um claro sinal que, não obstante a pobreza, quando a família é unida e se confia a Deus, ela consegue criar ambiente para que os filhos cresçam fortes, cheios de graça e sabedoria.

Igualmente inspiradoras são as figuras dos dois anciãos, Ana e Simeão, que acolhem o menino Jesus no templo. O fato de estarem ali e perceberem o mistério da salvação escondido no menino Jesus, mostra o quanto souberam, ao longo da vida, manter-se vigilantes a atentos aos sinais de Deus. Vemos, nesses idosos, o comportamento de gente que busca se atualizar constantemente, sem se deixar prender às ilusões de um tempo que não volta mais. É o típico comportamento do homem de fé, voltado para o futuro, com os olhos fixos na salvação que vem de Deus.

 

 

RELATOS NATALINOS

Que neste Natal tenhamos mais compaixão ao olharmos os nossos próximos mais próximos, a nossa família, as pessoas que estão sempre ao nosso lado quando necessário, e que saibamos perdoar as falhas que eles cometem, já que também nós as cometemos. Muitos erram tentando acertar. Vale a pena se focar na boa intenção por trás daquela correção que pode ter nos causado tanto sofrimento. Nesta época do ano, convido a cada um a voltar a falar com quem discutiu e partilhar a mesma mesa com o coração leve e afetuoso. Natal é momento de união, de alegria, de emoção, de sorriso no rosto.

Muitas pessoas passaram por grandes transformações ao longo deste ano, e vão vivenciar o Natal de forma especial, com um significado diferente. Vejamos o depoimento de algumas delas:

 

Eu sempre adorei o Natal. Para mim, é a data mais importante do ano. É quando nos reunimos com a família, nosso bem mais precioso, e amigos queridos para celebrar com muita alegria o nascimento de Cristo. Desde que meu filho mais velho nasceu, os Natais têm sido ainda mais especiais, porque um filho simboliza todo o amor que alguém pode sentir por outro ser humano. Neste ano, a data será celebrada triplamente aqui em casa. Fomos abençoados com a chegada dos gêmeos Bento e Benício, que vieram para completar nosso lar. Além disso, minha mãe acaba de terminar a primeira etapa de um tratamento contra o câncer de mama. Foram seis dolorosas sessões de quimioterapia, que viraram nossas vidas de pernas para o ar. No momento da minha vida em que eu mais precisei da ajuda da minha mãe, porque cuidar de três crianças é simplesmente exaustivo, invertemos os papéis e precisei acrescentar, à minha rotina, uma boa dose de cuidados e atenção a ela. Graças a Deus, o tratamento fez efeito e os resultados foram ótimos. Até o Natal ela já estará recuperada e poderemos celebrar a vida. A vida de Cristo, dos meus três amados filhos e da minha mãe. Teremos um Natal emocionante, só de agradecimentos, como deve ser.”

Camila Dilélio, 34 anos, jornalista

 

Eu sempre quis ser mãe e imaginava o quão mágico era ter uma outra vida crescendo dentro de mim. No início deste ano, eu e meu marido, prestes a completar três anos de casados, achamos que era o momento de aumentar a família. Tentei ao máximo evitar a ansiedade a cada mês – todo mundo diz que atrapalha –, mas é realmente inevitável não criar uma expectativa. No início de junho, alguns sintomas típicos de gravidez me levaram a fazer um teste de farmácia. A ideia era contar para o marido somente se fosse confirmado pelo exame de sangue, preparar alguma surpresa, mas quando deu positivo foi impossível segurar. Mostrei para ele e já fui para um laboratório. No mesmo dia veio a confirmação.

O misto de euforia e de medo continua a cada semana que passa, e vejo nos livros e aplicativos de celular como nosso menino vem se desenvolvendo. Sempre me imaginei mãe – e sei que “escolhi” um pai incrível para me ajudar nessa missão –, mas quando paro pra pensar que uma vida será totalmente dependente de nós confesso que fico um pouco assustada. Mas esse sentimento se dissipa quando passo a mão na barriga, sinto os chutes e os soluços do bebê e recebo o carinho de tantos. Sim, ganho muito carinho, de gente de perto e de longe. Parece que as pessoas me enxergam de um modo diferente, até de uma forma sagrada. É louco, é mágico, é arrebatador.

O Natal, para mim, sempre foi uma época muito especial, e certamente este será o mais marcante até hoje. Já na reta final da gravidez, faltando pouco mais de um mês para a chegada do Otto, pretendo estar tranquila e saudável para viver este momento com a minha família. Vai ser impossível não pensar em Nossa Senhora dando à luz Cristo e refletir sobre que filho eu estarei trazendo ao mundo.

Que seja um santo Natal para mim, para minha família e para todos nós!

Amanda Fetzner Efrom, 31 anos, jornalista

 

Este ano foi incrível para mim e minha família com a chegada da minha princesa Ana Lívia, pois pedi muito a Deus para ter outro filho, e ele me atendeu com a bênção de uma linda menina!

A perda do meu filho, em julho de 2015, quando meu príncipe Gustavo teve complicações de saúde e veio a falecer, foi muito difícil para mim e minha família. Suportamos apenas pela graça de Deus esta dor irreparável. Mas, neste ano, tudo mudou. Sei que um filho não substitui o outro, mas este Natal vai ser diferente com a nova integrante da família, nossa princesa, e estamos muito felizes!

Será um Natal em que teremos um sorriso a mais no rosto! Junto a minha família, também celebramos esta data pelo nascimento de Cristo, que é o verdadeiro significado do Natal!

Agradecemos pela força que nos tem dado e pela felicidade com uma nova vida em nossa família!

Juliana Eliezer Clemes, 31 anos, dona de casa

 

 

Para mim, o Natal é sempre um momento muito especial, e eu posso dividi-lo em duas partes igualmente importantes.

A primeira, é ver a minha família toda reunida na missa, agradecendo a Deus pelo ano que passou, pelo Seu nascimento, pelo fato de Ele ter vindo ao mundo, dividindo o Antigo do Novo Testamento com uma mensagem de amor, de perdão e de misericórdia. A segunda parte é ver minha família em casa, geralmente em torno da mesa. Novamente todos juntos, comemorando uma segunda vez o nascimento do Menino Jesus, compartilhando esta data especial com muita alegria. Estes dois momentos são realmente importantes para mim em todos os Natais, pois representam o lado espiritual e o humano. Só com o complemento dos dois é que me sinto plenamente realizada e feliz! Este Natal vai ser ainda mais especial, pois teremos a presença do meu primeiro neto Renato, que foi muito esperado e é imensamente amado por todos nós. Que este Natal seja novamente assim, rodeado de nossa família, com todo o amor que sentimos um pelo outro.

Teresinha Maria Cervo Polo, 63 anos, aposentada

 

 

O Natal é o momento do ano que marca o encontro com a família e com sentimentos bons, como o amor, a solidariedade e a esperança, e claro, com a minha fé. Mas acima de tudo, é a data que me faz refletir o sentido do presépio em minha vida: Jesus, o rei dos reis, nasceu no lugar mais humilde da região. É uma data propícia para reafirmar a minha vivência como cristã.

Portanto, neste Natal, irei passar com a minha família, vivenciando com eles toda a essência do nascimento de Cristo.

Bruna Conti, 18 anos, estudante

 

 

Meu filho nasceu dia 24 de dezembro de 2016, um mês antes do previsto. Por ser prematuro e ter diversas crises de apneia, foi direto para UTI neonatal. Passei o Natal do ano passado com o mais lindo presente de Deus em meus braços, admirando tamanha perfeição. As semanas seguintes, porém, foram difíceis, de muita batalha e muita fé. Mas sabíamos que em nenhum momento Deus iria nos desamparar. Miguel recebeu alta 23 dias depois, e hoje é uma criança com a saúde perfeita. Neste ano, ele vai comemorar seu primeiro aniversário, e estaremos com a família completa, momento ideal para celebrarmos o amor, a união e o nascimento do mais lindo presente de Deus para a humanidade: o menino Jesus.

Jéssica Martins Becker, 24 anos, técnica administrativa

 

 

Eu e meu namorado já estávamos há mais de um ano juntos quando, em janeiro deste ano, ele foi aprovado em um processo seletivo para trabalhar e morar na Alemanha! Nessa pressa da vida e desenvolvimento dos acontecimentos, chegamos à certeza do nosso SIM, a afirmação de amor e companheirismo para a vida: sim, casamos! Felizes e unidos para uma nova etapa! Nova para os dois! Entendi que é o “Trem da Vida” nos chamando para amadurecer e nos levando para longe de todos que amamos e nos aproximando mais um do outro e, então, o amor cresce. Compreendi que não temos o controle da vida, mas que está tudo sob controle.

Chegamos em Hamburgo em junho de 2017. Uma cidade grande e linda. Desafios: relacionamento, cultura, língua (alemão) e integração. O mundo digital nos aproxima do Brasil e ameniza a saudade. O segredo do tempo está em valorizar os momentos que ficam, porque são eles que contam a história da nossa vida. Este Natal será feliz porque só tenho a agradecer. A vida tem sido generosa comigo. Será um Natal longe e perto. Escolhi estar aqui e aprender a ser feliz e amar a vida, com isso estou me sentindo rica de amor. Vou encarar este Natal, com todas estas mudanças, como um aprendizado e crescimento. Desejo muita saúde e sucesso a todos os meus queridos. Feliz Natal!

Raquel Doebber, 34 anos, hotelaria

 

Sou uma gaúcha que se criou em Canoas até sair pelo mundo. Estou há quase nove anos morando no exterior. Primeiro, fui para a França; depois, consegui um emprego em Cingapura, e aqui estou desde então. Além de muitos amigos e experiências inesquecíveis, Cingapura também me deu o amor da minha vida: meu marido Taylor.

Muitas coisas mudam quando a gente se muda; outras, continuam iguais. O meu Natal muda de local praticamente a cada ano, mas o sentimento continua o mesmo. Em um Natal, eu estava na Muralha da China e tirei uma foto lá no topo com um Papai Noel que a mãe me deu. Já comprei passagem de última hora para ir ao Brasil porque estava morrendo de saudades da família. Já encomendei peru e aprendi a cozinhar arroz à grega para fazer a ceia. Neste ano, eu e meu marido vamos passar com amigos em Portugal.

Por muito tempo não montei árvore de Natal em casa. Parecia que não tinha clima quando eu dividia apartamento com amigos ou morava sozinha. Porém, em todo mês de dezembro, sempre coloquei na mesa do trabalho uma arvorezinha de Natal, um mini presépio e o Papai Noel viajante. Desde que moro com o Taylor passei a decorar a casa inteira, com direito a enfeite na porta e luzinhas. Casar me trouxe de volta um senso de família e uma vontade de manter as tradições.

Natal é, para mim, talvez o único dia do ano que desejo que continue sendo como sempre foi: comida boa, pessoas especiais, músicas de Natal, troca de presentes e uma gratidão muito grande pela vida. Não importa onde eu esteja.

Tatiana Vier, 34 anos, comércio exterior

 

 

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.