Notícias › 02/12/2019

A BELEZA DOS DOGMAS MARIANOS

 

Nem sempre os dogmas são bem compreendidos. Há quem os encare como uma imposição, quando na verdade são esclarecimentos longamente estudados para que tenhamos melhor discernimento em questões de fé. Vamos conhecer os dogmas marianos?

Qual o pai ou qual a mãe que não quer o melhor para seus filhos? Muitas vezes uma criança ainda não tem capacidade para entender o que é o melhor para ela ou quais os perigos que ela pode enfrentar.

Vou dar alguns simples exemplos: quando uma mãe diz para o filho pequeno para não se aproximar do fogão aceso é para o bem da criança. Vale o mesmo quando se colocam grades na janela. Não é para aprisionar a criança, mas para protegê-la de uma eventual queda por não saber o perigo que corre.

É de forma similar que entendo os dogmas. Eles nunca se referem a questões muito simples, e sim a verdades complexas, que estão na Revelação divina, mas que não são facilmente compreendidas pelos leigos.

Dogma é uma palavra de origem grega e quer dizer “decisão”. Trata-se de uma verdade de fé que

a Igreja, como nossa mãe e instrutora, nos esclarece para que tenhamos clareza em questões cruciais

da fé.

Não podemos esquecer que a Igreja Católica tem cerca de dois mil anos de história. Durante essa jornada, muitas questões foram debatidas, algumas até durante séculos, para que tenhamos os 44 dogmas atuais que ela nos apresenta. Uma coisa é certa: nunca um dogma foi fruto de uma decisão repentina e individual, e sim de prolongadas consultas e reflexões sobre temas muito importantes.

Desses 44 dogmas, que nesse artigo não terei espaço para refletir, quatro se referem a Maria. Tratemos de conhecê-los para melhor edificarmos nossa fé.

OS QUATRO DOGMAS

1. O primeiro dogma nos remete ao ano de 431, durante o Concílio de Éfeso. Ele trata da Maternidade Divina e diz que Maria é a Mãe de Deus (Theotókos). Para os cristãos de hoje parece fácil essa compreensão, mas nos primeiros séculos da Igreja não era.

Vários padres da Igreja já se referiam a Maria como Mater Dei (Mãe de Deus, em latim), como foi o caso de Inácio (ano 107), Orígenes (254), Atanásio (330) e João Crisóstomo (400).

Durante o referido concílio foi esclarecido que Maria é verdadeiramente Mãe do Deus encarnado, Jesus Cristo. Esse dogma colocou fim à dúvida que alguns tinham sobre a verdadeira identidade de Jesus: ele era homem ou Deus?

Jesus é verdadeiramente Deus e, portanto, Maria é Mãe de Deus.

2. O segundo dogma trata da Virgindade Perpétua de Maria. Esse dogma ensina que Maria é virgem antes, durante e depois do parto. Ele foi definido como dogma no ano de 1555, no Concílio de Trento, mas já fazia parte da doutrina do cristianismo primitivo, conforme os escritos de São Justino Mártir e Orígenes.

Certamente se trata de um dos dogmas mais polêmicos. No entanto, a história da salvação está repleta de sinais extraordinários, como a concepção de Jesus.

Trata-se de mais um presente que Deus nos dá, mesmo que ele esteja envolto em mistério. Como compreender racionalmente, por exemplo, o mistério da Santíssima Trindade? Precisamos ter muita fé e orarmos para que Deus aumente sempre mais a nossa fé e a nossa compreensão.

3. O terceiro dogma mariano se refere à Imaculada Conceição de Maria. Nossa Senhora, como sendo Mãe do Salvador, foi concebida sem nenhuma mancha do pecado original.

Esse dogma foi definido pelo Papa Pio IX na Constituição Ineffabilis Deus, em 08 de dezembro de 1854. Nesse dia, 08 de dezembro, é celebrada a festa da Imaculada Conceição, que já tinha sido definida inicialmente pelo Papa Sixto IV, em 1476.

Há um fato interessante sobre esse dogma, pois ele foi confirmado pela própria Nossa Senhora! Nas aparições marianas em Lourdes, em 1858, aquela jovem de 14 anos – Bernardette Soubirous – perguntou quem era aquela senhora tão linda e plena de luz, e ela respondeu: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Aquele dogma recém tinha sido estabelecido pelo Papa (1854), e poucas pessoas o conheciam. Isso veio reforçar ainda mais a veracidade desse dogma.

Eu contei essa história em dois artigos na nossa revista Rainha por ocasião dos 150 anos das aparições de Lourdes, em meados do ano 2008.

4. O quarto dogma mariano é sobre a Assunção de Maria. Ele foi definido como dogma em 1º de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII na Constituição Munificentissimus Deus.

O que esse dogma diz é que Maria, depois de morrer, foi elevada de corpo e de alma para a glória celeste. Essa verdade já era tratada desde os séculos V e VI, quando havia uma celebração denominada de “dormição de Maria”.

Deus não permitiu que o corpo em que seu Filho Unigênito foi gerado fosse corrompido pela natureza. A vitória sobre o pecado também implicou na vitória sobre a morte, que é o salário do pecado (Rm 6,23).

PEDIDOS

Nós, católicos, sabemos bem da importância de Maria na história da salvação. Sabemos também que ela não ficou restrita a um passado distante, mas continua intercedendo por nós até os dias de hoje. As aparições marianas mais conhecidas, como Guadalupe, Lourdes e Fátima, confirmam isso.

É bem popular o ditado “tudo por Jesus, nada sem Maria”. Através de Maria, Jesus veio ao mundo. Foi ela, com José, que o levou para o Egito para protegê-lo da perseguição de Herodes; foi atendendo a um pedido dela que Jesus manifestou o primeiro milagre (bodas de Caná); ela o acompanhou durante sua missão redentora e esteve com ele até o fim, no calvário. Não é por acaso que o próprio anjo Gabriel diante dela exclamou: “Ave, Maria, cheia de graça. O Senhor está contigo!” (Lc 1,28).

Nas aparições, os pedidos mais frequentes de Maria são para a conversão dos pecadores e para a reza diária do terço. Para quem quiser se aprofundar nesse assunto, recomendo o filme, recentemente lançado, chamado “Fátima: o último mistério”. Ele está disponível gratuitamente na internet.

Por fim, deixo uma frase de São Francisco de Sales, que dizia: “Não existe devoção a Deus sem amor à Santíssima Virgem”. Que ela nos acompanhe pela vida afora sempre nos orientando para o caminho que leva a Deus.

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.